Se alguém resolvesse criar um game de estratégia baseado na política brasileira de 2025, mirando diretamente a eleição presidencial de 2026, dificilmente precisaria inventar muita coisa. O próprio noticiário já entrega um design document pronto: conflitos internos, alianças improváveis, crises fabricadas, movimentos súbitos, reformas controversas, tentativas de controle das redes sociais, disputas judiciais, operações midiáticas, delações premiadas, jogo das traições e, é claro, bosses finais que surgem do nada. É quase como se o Brasil tivesse se tornado um grande BBB político, onde cada semana elimina um, revive outro, bagunça o mapa e traz um patch inesperado.

Para transformar esse caos em um jogo de estratégia digno de 2026, é preciso entender os grandes pilares de 2025, aqueles que definem a meta da próxima partida. Como diz o dito popular, no Brasil ninguém morre de tédio então, bora aproveitar isso num grande game.

A batalha pela narrativa digital:

Se em anos anteriores as redes sociais funcionaram como campo de batalha secundário, em 2025 elas viraram o mapa principal. O governo avançou com projetos de regulação que, embora apresentados como proteção ao cidadão, foram interpretados por muita gente como tentativas de controle, censura e restrição à livre expressão.

Num game, isso viraria uma mecânica essencial, afinal quem controla o fluxo de informação ganha bônus de influência, mas perde apoio popular se exagerar na mão.

Essa disputa entre defesa da democracia e controle arbitrário rende um tabuleiro dinâmico, onde qualquer ação pode virar escândalo e qualquer escândalo pode virar munição. Uma verdadeira guerra de buffs e debuffs narrativos.

A economia como campo minado:

A economia brasileira de 2025 segue como um mapa cheio de armadilhas. Inflação teimosamente alta, juros pressionando crescimento, dólar oscilando com declarações presidenciais e incertezas fiscais, tensão com o agronegócio, atritos com o setor de tecnologia, sanções/taxações externas e desconfiança de investidores estrangeiros.

No game, isso se traduziria em um sistema de recursos parecido com Civilization: decisões populistas dão felicidade imediata, mas quebram o tesouro nacional; decisões técnicas aumentam estabilidade, mas reduzem popularidade; brigas com o Congresso aplicam penalidades permanentes.

Uma estratégia mal calculada pode transformar o jogador numa versão digital de governantes que perderam eleições por descuido macroeconômico, uma mecânica real demais para ser ignorada.

O Congresso como facção imprevisível:

O ano de 2025 consolidou o Congresso como a facção mais volátil do mapa. Uma mistura de alianças momentâneas, traições internas, pautas-bomba e acordos subterrâneos criam um ambiente propício para um sistema de diplomacia altamente complexo.

O jogador, se quisesse governar, precisaria manejar líderes partidários com agendas próprias, bancadas temáticas fragmentadas, interesses regionais conflitantes, deputados independentes que mudam de lado dependendo da fase da lua.

É praticamente um RPG político, onde você nunca tem certeza se seus aliados do turno anterior ainda estarão do seu lado na rodada seguinte.

O Judiciário como entidade mística:

Em 2025, o Judiciário brasileiro continua como aquela facção NPC lendária: pouco previsível, extremamente poderosa e capaz de redefinir o jogo inteiro com um único update jurisprudencial.

Proibições, liberações, cassações, decisões monocráticas, manifestações públicas, tudo vira carta jogável que altera o rumo da disputa política. Em termos de game design, é o equivalente a um evento aleatório global que pode derrubar reputação, alterar regras e até expulsar um player do tabuleiro. Literalmente os deuses do Olimpo sem a menor preocupação com coerência ou imagem institucional.

A fragmentação política e o fenômeno dos anti-heróis:

O Brasil de 2025 vive uma onda de descrença generalizada na política tradicional. Isso abre espaço para outsiders, influenciadores, militontos, ecochatos, tecnocratas, figuras militares, governadores midiáticos e candidatos que surfam no discurso antipolítico.

Num game, seriam classes jogáveis com habilidades únicas: o outsider tem bônus de popularidade, mas penalidade de experiência governamental, o tecnocrata ganha eficiência econômica, mas carisma negativo, o influenciador cresce rápido, mas desmorona em crises, o populista dispara nas pesquisas, mas pode sofrer dano crítico com o primeiro escândalo. Militontos e ecochatos são os bobos da corte de sempre e valem poucos pontos.

É um verdadeiro xadrez eleitoral, onde cada classe tem vantagens e fraquezas, e o balanceamento é feito em tempo real pela opinião pública.

As pré-campanhas invisíveis:

Mesmo com a proibição de campanha antecipada, 2025 é um festival de não campanha: viagens oficiais disfarçadas, postagens milimetricamente calibradas, alianças construídas nos bastidores e movimentos estratégicos que já deixaram claro quem vai para a arena em 2026.

No jogo, essa fase seria o early game: quem acumular mais recursos simbólicos agora terá vantagem no late game das urnas.

Conclusão, um RTS brasileiro que se escreve sozinho:

O Brasil de 2025 é, essencialmente, um jogo de estratégia já pronto: várias facções disputando recursos escassos, guerras narrativas constantes, eventos caóticos ajustando as regras, e um endgame eleitoral que promete ser explosivo.

Transformar tudo isso em um game de estratégia para 2026 não seria exagero, seria só organizar, balancear e colocar interface. Porque, na prática, o país já funciona como um jogo complexo, cheio de sistemas interligados e decisões que ecoam por turnos inteiros.

E como todo jogador experiente sabe: a meta muda rápido e quem não acompanhar, perde a rodada.

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