Desenvolvedor: Renato Degiovani

Data: 1981

Sistema: NE Z8000

Primeiro jogo nacional escrito e publicado em uma revista mensal voltada para computadores pessoais. O game não chegou a ser comercializado como um produto pela editora, integrando o conteúdo do periódico, junto a outros artigos e assuntos, como um texto sobre os processadores 6809, da Motorola, ou como otimizar a memória com a linguagem Assembly etc.

“Ainda em 1980, Renato programou seus primeiros jogos, como exercício, versões de jogos de salão, como palitinho, senha, adivinhe o número, e teve seu primeiro contato com um jogo tipo Adventure, Asylum, para computadores compatíveis com TRS80”, informa o trabalho acadêmico de Alan Richard da Luz, “Aventuras na Selva: Renato Degiovani, Divino Leitão e o pioneirismo no design de videogames no Brasil”.

Na busca por revistas que contivessem programas compatíveis com o Sinclair ZX81, Renato acabou encontrando os códigos para o game City of Alzan, “um título de aventura primitivo sobre fugir da cidade que dava nome ao jogo – e que se tornou uma grande fonte de inspiração para Degiovani”, informou artigo do site Destructoid, já citado na introdução dessa obra. 

“Em 1982, Renato Degiovani desenvolveu uma engine própria para o desenvolvimento de jogos de aventura em texto, fazendo isso sem a necessidade de nenhum tipo de referência documentada ou auxílio das grandes desenvolvedoras sobre como fazê-lo. A engine fica pronta e em Janeiro de 1983 o jogo Aventuras na Selva é terminado”, atesta o site sobre história dos games Bojogá.

O programa deveria ser distribuído em uma fita cassete, com recursos adicionais para os jogadores mas, de acordo com o desenvolvedor, os editores da revista Micro Sistemas, onde o recém-ingresso colaborador publicava seus artigos, ficaram temerosos que a novidade não conquistasse o público consumidor do veículo, gerando prejuízo.

“Aventuras na Selva foi criado para ser distribuído comercialmente em fita cassete, junto a um manual de instruções e um livreto contendo o código fonte do programa e instruções de uso do sistema operacional, para que usuário criasse suas próprias aventuras após terminar o Aventuras na Selva”, confirma da Luz. “O pacote era completo e moldado segundo os preceitos das melhores desenvolvedoras de jogos do exterior, mostrando o profissionalismo de Renato Degiovani desde o início”.

“Eu queria produzir eles [os games] fora da revista, eu não queria que eles fossem publicados, queria que fossem um anexo da revista. Era uma coisa tão nova, que o pessoal ficou meio ‘ah, e se não der certo, a gente tem que mandar gravar mil, duas mil fitas [cassete], e aí não dá certo… vamos publicar na revista’. [e eu falei:] ‘ah, se vocês acham, é vocês que vão arriscar […], então publica’. E aí, publicou e foi um grande momento da revista, esgotou a edição […] começou mais ou menos assim, sem saber o que estava acontecendo”, narrou o designer no bate-papo da Campus Party.

A ideia do desenvolvedor, muito à frente de seu tempo, era não apenas oferecer um produto similar aos jogos internacionais, mas permitir que os jogadores criassem suas próprias aventuras, fazendo do projeto um dos primeiros jogos de código aberto que se teve conhecimento.

“Aventuras na Selva é uma história que se passa numa selva qualquer (poderia ser na Amazônia) e o objetivo é encontrar um local onde se possa pedir socorro. Há uma única saída e vários modos de chegar a ela: por dedução, intuição, raciocínio lógico, erro e acerto e até mesmo sorte”, explicou o autor no artigo do game, na Micro Sistemas. 

Em 1985 o jogo foi relançado já com o novo título Amazônia, pela Ciberne Software, reformulado para oferecer um maior desafio para o jogador, totalmente reescrito na linguagem Assembly com uma melhor performance de gameplay, em disquetes de 5¼.

Ficha Técnica

  • Data de lançamento: 1985 [versão física]
  • Publicadora: Ciberne Software [1985]
  • Distribuidora: Tilt Online [1996]
  • Dispositivo/Console: ZX Spectrum e TRS 80 modelo III
  • Gênero: Adventure em texto
  • Número de jogadores: Um jogador

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *